Predatory Marriage - Cap. 79
Tradução: LadyDragon
Revisão: Hori
Capítulo 79 – Sangue (2)
O plano original de Leah era resgatar secretamente os escravos capturados. Libertar todos eles, incluindo os Kurkans, e escapar antes que o leilão inicie. No fim das contas seu plano se desviou no momento em que Ishakan se envolveu. Ela teve que aceitar todas as mudanças que sua presença havia causado.
Ela previu o banho de sangue…
Seguindo a garota Kurkan, Ishakan levava Leah em seus braços, eles seguiram por um caminho diferente do de antes, evitando que outras pessoas e os funcionários da mansão os vissem.
— Quantas pessoas você vai matar?
Leah perguntou, sussurrando para Ishakan.
— Todos os comerciantes de escravos. Quanto aos clientes… Bom, os sortudos vão sobreviver, eu acho.
Ishakan, que caminhava silenciosamente enquanto carregava Leah, parou por um momento e olhou para trás. Um grito distante ecoou da casa de leilões.
— Precisamos ser rápidos.
Ele comentou.
O último escravo Kurkan parecia estar trancado em algum lugar na parte mais profunda da mansão que parecia um labirinto. Sua rota começou a mudar lentamente à medida que avançavam, as paredes bem acabadas se tornaram paredes de pedra molhada. A escada de madeira podre rangia a cada passo.
Não havia iluminação suficiente, dificultando enxergar qualquer coisa a frente, mas Ishakan guiou habilmente o caminho.
— Eu não posso acreditar que ele estava trancado em um lugar como este.
Leah sussurrou no abraço de Ishakan.
Parecia uma prisão enorme, como um curral de cavalos, só que com mais espaço. Ela pensou que o manteriam em um lugar mais limpo e decente, no mínimo, antes de tentar vendê-lo.
— Acho que não teriam dado nem um gole de água até ele desmaiar.
Ishakan simplesmente disse tranquilo.
— Somente quando um Kurkan não aguentar mais e estiver à beira da morte por fome, eles vão lhe oferecer um pedaço de pão. O ato de ser alimentado é um meio de cultivar a obediência.
Ele falou com naturalidade e a leveza de seu tom serviu apenas para enfatizar ainda mais a natureza desumana do tratamento dos escravos.
— A razão pela qual cheguei até aqui hoje é porque acredito que existam clientes que queriam escravos ferozes.
Ele finalizou seu discurso depois de tais palavras.
— Você… Fala como se tivesse estado lá…
Ishakan riu brevemente, em vez de responder, ele continuou andando. Ao contrário da estrada que haviam percorrido até agora, eles estavam em uma área visivelmente mais clara, tinha uma pequena janela no topo do telhado escuro.
Com o luar iluminando e com tochas penduradas, seus arredores se tornaram mais visíveis à medida que avançavam. No meio do espaço redondo em que chegaram havia uma cela de ferro.
Dentro dela um pequeno garoto Kurkan fortemente acorrentado com uma grande bola de aço amarrada a ele. Parecia estar inconsciente, entretanto, assim que sentiu outras presenças na sala ele se moveu, levantou com uma postura ameaçadora e feroz. Embora seus olhos parecessem cansados, Leah ainda podia sentir o ódio emanando de seu olhar. O menino não parecia diferente de uma fera selvagem.
— …
Ishakan colocou Leah no chão, a tirando de seus braços e olhou para o menino em silêncio por um momento. A luz da lua brilhava no rosto de Ishakan fazendo seus olhos parecerem mais frios do que o normal.
Seus lábios fechados se moveram lentamente.
— Você…
Os olhos dourados de Ishakan cativaram Leah, ele irradiava uma energia peculiar, e ela sentiu que poderia ficar olhando para suas íris douradas para sempre. Desde que ele tirou a máscara, seus olhos ficaram mais claros, sentia como se pudesse perceber todas as emoções dentro dele.
— Você se lembra de todos os Kurkans que salvou?
Ele perguntou baixinho.
Era uma pergunta estranha. Ishakan olhou para Leah como se quisesse que ela lhe desse a resposta que ele queria, mas ela não sabia o que ele queria, então ela só podia ser honesta.
Algumas memórias eram muito antigas, entre elas muitas situações urgentes nas quais ela não conseguia olhar corretamente para os rostos dos Kurkans que estava libertando. Afirmar que ela se lembrava de todos eles seria mentira. Enquanto ela balançava a cabeça lentamente negando, a amargura se refletiu de leve nos olhos de Ishakan.
— Eu entendo.
Ishakan não disse mais nada, ele pegou a chave e ficou na frente da cela, abrindo três fechaduras consecutivamente. Enquanto o barulho do ferro soava junto com as chaves, Leah se perguntava o que deveria ter feito.
“Eu deveria ter dito que sim mesmo se fosse mentira?”
O sorriso amargo que viu a perturbou. Ela se aproximou dele com dúvidas, Ishakan jogou o último cadeado no chão e olhou para Leah. No momento em que ela abriu os lábios para falar com ele, a porta de ferro se abriu.
O menino correu rapidamente para Leah e pulou em seu estômago. Ela caiu chocada com o ataque repentino, o menino olhou para ela ferozmente, a loucura era evidente em seu rosto. Enquanto o menino se movia para rasgar o pescoço de Leah, Ishakan interveio com o antebraço, bloqueando a boca.
O sangue do rei escorreu quando o som da mordida ressoou horrivelmente no local. Ishakan jogou o menino para longe, voou como uma bola de borracha, colidindo com a parede e depois deslizando imóvel para o chão. O barulho de suas correntes desapareceu.
Uma voz trêmula falou em voz alta.
— Ishakan…
O sangue pingou de seu antebraço para o chão. Leah olhou para seu ferimento, apenas para encontrar marcas de dentes ao redor dele, seu coração desmoronou.
— Nós temos que parar o sangramento! Eu posso parar o sangramento com minhas roupas…
Ela insistiu.
— Não, Leah.
Ishakan recuou alguns metros, evitando que ela o tocasse. Ele franziu a testa, estava preocupado e frustrado.
— Você deveria ficar longe de mim. Você sabe, é noite de lua cheia.
Enquanto ele falava o luar brilhava sobre eles. Na luz clara e fria os dois se entreolharam, Leah levou a mão até a boca, não tinha pensado muito.
— Isso seria difícil… Especialmente quando vejo sangue.
A frente das calças de Ishakan começou a inchar.