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4675-cap-89

Tradução: LadyDragon

Revisão: Hori

Capítulo 89 – O sangue de um lobo (2)

 

 

 

Apesar de sua recusa, Ishakan levou uma uva a boca de Leah, a passando de forma provocadora sobre seus lábios até que ela finalmente cedeu e aceitou. Ele era impossível, a uva era doce e deliciosa, brincou com ela na boca por um tempo apenas para saborear um pouco mais. Assim que a primeira se foi Ishakan estava pressionando outra contra os lábios macios, desta vez ela recusou e falou com firmeza. Felizmente, ele desistiu.

 

— Então beba um pouco de chá.

 

Empurrando uma xícara de chá quente para ela, ele inclinou a cabeça para sua própria refeição. Ela estava tão acostumada a bicar sua comida que era estranho ver alguém comer com tanto apetite, trabalhando constantemente em cada prato da bandeja, um após o outro. Quando ele acabou com um e mudou para o outro prato, Leah gritou um protesto.

 

— Não!

 

Ishakan ergueu os olhos com surpresa com a tâmara a meio caminho de seus lábios. Suas sobrancelhas se ergueram.

 

— O quê?

— Apenas… Essas não…

 

Ela disse sem jeito, com seu rosto esquentando. A última coisa que Ishakan precisava comer era comida que aumentasse sua resistência. Ele a agradou sem exigir mais explicações, Leah examinou a bandeja em busca de outros pratos perigosos. Se eles comessem juntos novamente no futuro, ela teria que ficar de olho nos alimentos perigosos, qualquer coisa que aumentasse a energia de Ishakan acabaria tendo o efeito oposto sobre ela.

Empurrando a bandeja de lado, ele se serviu de uma xícara de chá.

 

— Você não precisa se preocupar com o Conde Valtein. Ele está sendo bem tratado aqui.

 

Essa era uma das coisas que ela queria perguntar a ele mais cedo, ficou aliviada e grata pela atualização. Ishakan olhou para a princesa um pouco antes de voltar a falar.

 

— E… Me desculpe por ter surpreendido você nessa noite.

 

O rosto de Leah ardeu. Era o assunto que ela mais queria evitar, moveu a xícara de chá até os lábios tentando esconder o rosto, ainda sim se forçou a perguntar.

 

— O que… O que aconteceu com você? Foi tão estranho…

— Você já viu um cachorro acasalando?

 

Ninguém mais ousaria fazer tal pergunta à princesa de Estia. Ishakan franziu a testa enquanto ela balançava a cabeça negando. Por um momento ele pareceu perturbado, como se estivesse procurando as palavras certas.

 

— Espero que você tenha ouvido, pelo menos que os Kurkans carregam o sangue dos animais. Eu possuo o sangue de um lobo. É assim que os animais agem quando se reproduzem.

 

Leah imaginou um lobo de pelo marrom escuro e olhos dourados como os de Ishakan. Incapaz de resistir a propria curiosidade, precisou perguntar sobre o que imaginou.

 

— Você pode se transformar em um lobo?

 

Ao ouvi-la perguntar algo tão absurdo a sério ele caiu na gargalhada.

 

— Não. Não temos esse talento, princesa.

 

As pessoas os chamavam de abominações, Leah podia ver conhecimento nos olhos de Ishakan, com palavras encharcadas de amargura. Pouco se sabia sobre os Kurkans no mundo exterior, deixando sua cultura, costumes e história abertos a especulação. A maioria tinha ouvido falar que eles tinham sangue de feras em suas veias, mas nada mais era certo, as pessoas criavam diversas histórias.

Leah tentou investigar mais. A maioria das pessoas no continente desprezava os Kurkans como bárbaros, então mesmo os estudiosos nunca se interessaram por eles. Era difícil quando se queria entendê-los, e não apenas para auxiliar nas negociações. Quanto mais ela aprendia, mais curiosa ficava sobre o país de Ishakan tinha vindo, a cultura à qual ele pertencia, as pessoas que ele liderava entre outras coisas…

Ela queria saber mais sobre Ishakan.

Uma vez que ela percebeu a terrível direção que seus pensamentos estavam indo rapidamente os cortou.

 

— Você deveria estar agradecida por eu não me transformar em uma fera enfurecida.

 

Ishakan continuou provocando.

 

— Seria difícil para você lidar, princesa.

 

Claro, ele não tinha ideia do que ela estava pensando então fingiu calma mudando a conversa para um novo tópico.

 

— O importante são os traficantes de escravos. Eu tenho que resolver a raiz do problema.

 

Os traficantes de escravos estavam mortos. Nenhum nobre de alto status foi incluído na lista de baixas, afinal os nobres consideravam os leilões de escravos vulgares e enviavam representantes em vez de comparecerem. Ninguém iria reclamar, ninguém iria chamar a atenção para o evento. Claro que isso não mudaria a opinião pública, que se mantinha hostil aos Kurkans.

Ishakan riu baixinho pousando sua xícara de chá, a xícara de Leah se manteve quase intocada.

 

— Quando voltarmos haverá negociações?

 

Ela perguntou.

Os olhos dele se fecharam, os Kurkans tinham uma sede insaciável pelo orgulho da vitória.

 

— O pensamento me excitou tanto que mal consegui dormir, princesa.

— Você não está me respondendo.

 

Leah protestou evitando aqeueles olhos quando eles se abriram.

 

— Ah.

 

Ela havia feito a pergunta sem esperar muito. Ishakan poderia ter dito qualquer coisa, em vez disso ele superou suas expectativas soltando uma leve bomba.

 

— A princesa parece muito animada.

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