Tradução: Lady Dragon

Revisão: Hori

Capítulo 74 – Os planos de Leah (2)

Ishakan parecia satisfeito com o novo plano, o que deixou Leah mais aliviada, pois aquele que poderia causar o maior dos problemas estava disposto em cooperar com ela. Estava prestes a continuar falando quando o barulho de batidas na porta os calou.

Era um funcionário legítimo do leilão. Em um instante, os Kurkans desapareceram da sala, como se nunca tivessem estado ali antes. Eles se esconderam cuidadosamente levando qualquer vestígio que denunciasse a presença deles.

Leah e o Conde Valtein rapidamente, colocaram suas máscaras e se ajeitaram.

Assim que permitiram a entrada do funcionário, a porta se abriu e ele anunciou.

— Todos estão esperando.

Antes do leilão começar os comerciantes de escravos precisavam se reunir para realizar uma breve reunião. Aquele era o obstáculo mais difícil em seu caminho, mas a parte mais importante de seu plano.

— Vamos agora. Mostre o caminho.

A voz de Leah surpreendeu o funcionário, que rapidamente olhou para baixo.

— Venham. Eu irei guiá-los até o local senhora.

Leah e o Conde Valtein seguiram a escolta. O conde Valtein enxugou silenciosamente a palma da mão encharcada de suor na bainha da capa que o cobria. Vendo o quão nervoso ele estava, Leah se arrependeu por não explicar a situação a ele corretamente de antemão, apenas o arrastando junto naquilo.

Leah olhou para frente com indiferença, contemplando o ambiente escuro. Ishakan provavelmente estava os seguindo em silêncio, mas ela não conseguia sentir sua presença de qualquer forma.

Na reunião com os traficantes de escravos, Leah estava planejando assumir a liderança, não podia confiar no conde Valtein para aquilo, ele era medroso e com certeza seria muito difícil naquelas circunstâncias. Depois de tudo o que aconteceu ela passou era inútil fornecer informações erradas aos astutos comerciantes de escravos. Após cuidadosa consideração, Leah decidiu participar ativamente.

Seus planos foram abruptamente interrompidos pela aparição inesperada dos Kurkans que a deixaram um pouco perturbada. Ela não sabia o quão grosseiro Ishakan poderia ser, mas sabia que ele era muito capaz de fazer certas coisas…

Enquanto caminhava, sua mente estava cheia de pensamentos complicados ao mesmo tempo esperava que Ishakan fosse paciente, como combinado.

Depois de passar por um labirinto de corredores eles finalmente chegaram ao encontro dos traficantes de escravos. O quarto estava bem escuro, havia uma mesa redonda no centro e as escoltas dos traficantes de escravos estavam lado a lado. O Conde Valtein hesitou enquanto se movia para ficar em um canto.

Havia um total de oito pessoas, incluindo Leah. Entre os traficantes de escravos, não havia apenas cidadãos de Estia, pois alguns vinham de diversos cantos do continente. Eles estavam cobertos com máscaras e túnicas, assim como eles mesmos, escondendo seus corpos por completo. Leah os observou e eles a observaram por sua vez.

Todos os olhos foram direcionados para a princesa, mesmo que ela estivesse coberta da cabeça aos pés como as outras pessoas, não conseguia esconder seu pequeno físico magro. A pele delicada e sem pelo que era pouco visível, obviamente não era a de um homem.

A mesa redonda não tinha assento elevado, mas apesar da suposta igualdade, a classificação implícita ainda existia. Sentada em frente a Leah estava uma figura robusta. Ele era o comerciante mais poderoso entre os presentes.

Mesmo depois que Leah se sentou entre eles, os olhos atentos não paravam de observar, brilhando com malícia. Consciente de seus olhares lascivos, Leah se manteve firme abrindo a boca e falando com toda a calma possível.

— Esta é a primeira vez que estou diante de todos vocês.

Um vendaval de risadas ecoou. O homem com o físico robusto respondeu com a voz rouca.

— Eu não sabia que você era uma mulher.

Os outros traficantes de escravos comentaram, um por um.

— Que bela voz, será que seu rosto é tão belo quanto?

— O corpo dela é tão pequeno.

— As mulheres com um físico pequeno são muito populares hoje em dia por causa da princesa, elas vendem muito bem.

Suas palavras eram completamente deselegantes. Leah esperava o mau comportamento deles, porém, mesmo se preparando para a chuva de comentários, seu coração ainda afundava em preocupação absoluta. Ishakan estava escondido nas proximidades observando, era impossível não ficar nervosa e insegura com qualquer coisa, sabia o que ele poderia fazer ou tentar.

Leah deu um tapa na mesa querendo chamar a atenção, imediatamente os sons se calaram dando lugar ao silêncio.

— O gênero é tão importante quando se trata de comprar e vender?

Ela perguntou usando um tom de voz forte e frio.

— O lucro não deveria ser a coisa mais importante?

Embora ela não pudesse olhar para seus rostos e testemunhar suas reações, sabia que toda a atenção deles estava focada nela. Leah inclinou a cabeça.

— Se sou a única presente com essa mentalidade, acho que eu não deveria ter vindo.

Assim que Leah terminou, o homem do outro lado da mesa riu alto novamente.

— É raro uma mulher ser uma traficante de escravos. Todos ficaram encantados, espero que você entenda.

Ele disse com uma mão no queixo, pensativo.

— Além disso, é muito surpreendente descobrir que a pessoa que nos uniu é uma pequena mulher como você.

A zombaria era clara em sua voz. Um largo sorriso se espalhou por seu rosto.

Leah olhou para ele friamente.

— Vou aceitar isso como um pedido de desculpas.

— Haha, sim… De qualquer forma, vamos cooperar adequadamente. Nos veremos com frequência no futuro.

Não foi um começo ruim, mas significava que a partir de agora, Leah não poderia se aposentar. Suas conversas ficaram sérias e seu plano começou a se desenrolar, se manteve firme em suas intenções o tempo todo.

Mas, um evento que aconteceu em seguida abalou seu coração.

— Já que nossos destinos levaram a esse momento, eu gostaria de oferecer a todos um pouco de entretenimento…

O homem depois de falar gritou alto para algumas pessoas entrarem. A porta dos fundos se abriu e uma fila de mulheres cheirosas entrou rapidamente na sala segurando bandejas cheias de álcool, se sentaram cada uma ao lado de traficantes de escravos.

— Você não precisa ficar tão tensa.

O homem riu enquanto falava com os braços já em volta da cintura da mulher que se sentou ao lado dele. Era uma missão impossível para Leah não ficar tensa com a surpresa desagradável de demonstração de generosidade.

— Oh, não se preocupe, eu também cuidarei de você.

Ele assegurou a ela, rindo de seu constrangimento.

— Dê a esta senhora um homem bárbaro!