4653-cap-67
Tradução: Lady Dragon
Revisão: Hori
Capítulo 67 – Quebrando correntes (1)
As nuvens estavam embaçando a noite. A neblina cobriu a lua, então nem mesmo um único raio de luar foi capaz de penetrar no céu. A escuridão profunda caiu sobre Estia, envolvendo o lugar em mistério, era uma noite em que ninguém ficaria tranquilo saindo sozinho.
Uma pequena lâmpada iluminava a estrada pendurada na carruagem, sua chama ardente não era o suficiente para tornar o caminho muito visível.
O cavaleiro na frente das carruagens que seguiam em fila girou a cabeça, cautelosamente vigiando os arredores. Depois de muitos anos de experiência na profissão, ele sabia o suficiente para reconhecer que nunca se deve ignorar a intuição.
Hoje, o cavaleiro se sentia estranhamente nervoso com a vontade irresistível de fugir da carruagem e escapar na noite. Ele queria sair rapidamente da floresta sombria pela qual eles estavam passando, mas as árvores densas pareciam ser infinitas.
Não era de agora que os mercenários que escoltavam as carruagens sentiram a atmosfera sinistra da floresta ao redor. Eles mantinham um aperto constante na bainha de suas espadas se preparando, caso ocorresse algum ataque abrupto.
— Maldito inferno!
O cavaleiro praguejou enquanto puxava a rédea do cavalo, ele tentou chicoteá-los várias vezes, mas os cavalos não diminuíram a velocidade, apenas continuaram a ganir como se estivessem assustados com uma criatura medonha e corressem para fugir.
Ele estava indefeso e aterrorizado, congelado sem conseguir desviar o olhar fixo na estrada. De repente, um assobio agudo percorreu o ar, os olhos do cavaleiro se arregalaram com o som, percebendo o que era, tarde demais.
— Ahhh, são os bárbaros!
Ele gritou uma fração de segundo depois, no entanto, as sombras negras caíram do céu em cima das carruagens, como feras enlouquecidas em um ataque astuto. Seus olhos brilhavam assustadoramente no escuro, os dentes salientes em seus sorrisos de satisfação e vitória estavam estampados em seus rostos.
Os mercenários gritaram e sacaram suas espadas, infelizmente em vão, a reação deles não surtiu efeito nem um contra os Kurkans, que agiam como relâmpagos pulando da carruagem tão rápido quanto eles vieram, no segundo seguinte os únicos sons que ecoavam foram os de carne se rasgando e corpos caindo no chão. Acompanhado a sinfonia, o barulho de ossos quebrando seguia no banho de sangue que os Kurkans fizeram com os mercenários.
— Ugh…
O cavaleiro mal conseguiu rastejar para fora da carruagem. Ao seu redor, todos os tipos de sons horríveis de dor e matança perfuravam seus ouvidos. Os gritos eram assustadores, ele cobriu a boca com a mão trêmula se forçando a não gritar, uma lufada de ar frio o atingiu quando a carruagem que escondia seu corpo foi virada.
O cheiro da morte permeava o ar gelado, apenas cadáveres jaziam ao seu redor. Ele observou como seu companheiro mercenário olhou para o céu e depois jorrou sangue, a última coisa que o mercenário viu foram rostos iguais aos dele. Com um baque, o cavaleiro assistiu aterrorizado, enquanto ele desabou no chão da floresta imóvel. Aquele era o lugar onde ele seria enterrado, o sangue quente do mercenário fluiu lentamente para o solo abaixo dele e seu corpo esfriou.
Contra a lua que tentava sair das nuvens, a silhueta de um homem musculoso se destacou. Ele olhou desanimado para a mulher que caminhava por cima dos corpos, ignorando o cavaleiro congelado, entrou em uma carruagem virada. Sem dúvida, se alguém visse seus olhos brilhantes de topázio dourado, eles o reconheceriam como o líder do bando.
— Ishakan.
Uma mulher gigante entregou uma folha de tabaco ao homem. Enquanto ela estava cuidando dos outros, um homem esbelto vasculhou detalhadamente os vagões com os outros Kurkans, estava confirmando os rostos dos escravos um a um com uma lamparina os iluminando, exclamou ao fim.
— Não está aqui!
— Outra tentativa inútil?
O homem ficou em silêncio por um momento enquanto fumava o tabaco enrolado, o sabor era calmante numa noite tranquila e sangrenta. Ele murmurou lentamente enquanto soltava a fumaça do cigarro que tinha feito.
— Incrível. Eu tinha certeza de que essa informação que me deram era precisa.
Sua cabeça inclinou e ele fixou seu olhar no cavaleiro. No momento em que o cavaleiro foi observado de longe com aqueles olhos penetrantes e ardentes, ficou completamente mudo pelo medo. Mesmo que ele quisesse gritar, nem uma única sílaba poderia ser pronunciada, suas pernas que pareciam ter vida própria estavam paralisadas de medo, ele não conseguia fugir.
O cavaleiro sentiu um líquido quente escorrer pela parte interna de sua coxa, parecia que até sua bexiga o traia, deixando a urina escorrer e molhando as calças.
Ishakan sorriu. Seus olhos dourados brilharam quando ele ergueu uma sobrancelha para o cavaleiro, o provocando como um predador orgulhoso.
— Você sabe alguma coisa sobre isto?
Os dentes do cavaleiro batiam enquanto todo o corpo tremia incontrolavelmente, diante do homem aterrorizante bem na sua frente. Ele sabia que se parasse naquela floresta, ela se tornaria seu cemitério. As palavras saíram dele em um murmúrio, enquanto forçava a boca a se abrir para proferir sílabas coerentes.
— O-Ooo outro traficantes… de escravos…
— Outro traficante de escravos comprou e levou os Kurkans?
— S-sim…
Ishakan estreitou os olhos. Ele estava trancado em seus pensamentos até que inclinou a cabeça para o lado, olhou para cima e acenou brevemente para a mulher ao lado.
— Por favor, me poupe! Eu apenas estava trabalhando dirigindo a carroça… Isso deve ser o suficiente para pagar pelos meus pecados.
A mulher acenou com a cabeça e levantou o punho. *Pah!* Ela atingiu a parte de trás da cabeça do cavaleiro que imediatamente desmaiou sem emitir um som.
Ishakan, que estava olhando para o cavaleiro perguntou.
— Ele está morto?
— Você fez um bom trabalho em controlar sua força, Ishakan.
Ela gesticulou para os arredores.
Haban se mexeu em resposta indo até eles. Genin acabou comentando enquanto olhava sem muita confiança.
— Acho que ele está morto.
— Não. Ele ainda não está morto.
À medida que a discussão superficial se seguiu, Haban acabou verificando o pulso do cavaleiro, concluindo o que era óbvio para ele.
— Ele não está morto.
Haban ficou pensativo e estalou a língua em frustração. Genin ergueu a cabeça levantando um pouco como se tentasse afirmar sua força. Ishakan, que observava a discussão dos dois, deixou uma breve risada ecoar enquanto fumava seu cigarro de tabaco no escuro.
— Ele é o terceiro?
Haban bateu os pés enquanto falava com o rosto vermelho.
— Com certeza não parece uma coincidência.
Atualmente, Ishakan estava rastreando os Kurkans escravizados em Estia. Atrás do paradeiro dos Kurkans que foram vendidos para aristocratas e comerciantes ricos.
Apesar de se arriscarem também enquanto tentavam encontrar informações e resgatar os Kurkans que foram capturados e vendidos, gastam várias horas tentando os libertar. Mas as dificuldades no caminho eram cada vez mais frustrantes. Até mesmo as pistas falsas.
Tinham conseguido confirmar que os Kurkans foram comprados e que alguns traficantes de escravos estavam os levando para outro lugar, mas seguir rota do comércio era um labirinto desconhecido. Infelizmente o ciclo ainda não tinha sido parado, outro traficante de escravos compraria os Kurkans antes que eles pudessem libertá-los.
Esta foi a terceira vez que eles perderam a oportunidade, por um curto intervalo de tempo, algo no meio disso aconteceu e os planos mudaram.
— Acho que alguém deve estar um passo à nossa frente.