4650-cap-64
Tradução: Lady Dragon
Revisão: Hori
Capítulo 64 – Sede insaciável por poder (2)
.
Mesmo se ela agisse de forma errada, mesmo se ela se tornasse lamentável na frente dele naquele momento, Ishakan ainda partiria no final. Suas vidas eram de mundos diferentes, Leah seria a única a cuidar da bagunça que ele havia criado depois que fosse embora.
Mesmo sabendo disso… Lágrimas entupiram o fundo de sua garganta, a turbulência que ela sentiu em seu coração a perfurou como espinhos afiados. Ela era forte, mas ao mesmo tempo delicada.
Leah o olhou e respirou o ar frio, o cheiro almiscarado que vinha de Ishakan flutuou em seu nariz. Ela tentou retomar o controle de si mesma falando em alerta.
— Não simpatize comigo se você não for assumir qualquer responsabilidade sobre o que faz.
— Simpatizar? Você está falando bobagem.
Ele disse com os dentes cerrados ainda respondendo.
— Não era apenas sexo?
— …
Como se tivesse se arrependido de suas palavras assim que saíram de sua boca, Ishakan permaneceu em silêncio. Leah se soltou da mão dele, como se ela estivesse se libertando dele inteiro e não apenas de sua mão, tanto emocionalmente quanto fisicamente. Se virou tentando ir embora, Ishakan a agarrou novamente.
— Me solte!
Ishakan não a libertou, Leah lutou batendo em seu peito, tentando empurrar, se afastar de seu corpo. Odiava Ishakan por brincar com ela, por a amolar e criar toda a bagunça que ela precisaria limpar depois, por perturbar a paz que ela tanto tentava manter todos os dias.
Mas acima de tudo ela se odiava, por ter permitido que ele a arrastasse por aí.
A diferença da sua força era como a distância entre o céu e a terra. Ishakan simplesmente a dominou, a forçando desistir de sua luta sem sentido.
Ele abriu a boca com a voz falhando.
— Se…
Leah olhou para os olhos dourados que estavam cheios de raiva a alguns minutos atrás, notando que estavam mais calmos.
— Se eu disser… Que vou assumir a responsabilidade…?
Leah prendeu a respiração imediatamente, suas forças sumiram, a revolta dentro dela se dissipou.
Como se estivesse sob um feitiço, Ishakan fixou seu olhar em Leah, sem piscar. As palavras seguintes que ele pronunciou saíram com cautela, mas foram uma confirmação de compromisso.
— Então o que você faria?
━━━━━━◇◆◇━━━━━━
Blain apenas olhou imóvel para a cadeira vazia, não importava por quanto tempo ele olhasse, sabia que a princesa nunca voltaria. O tempo não parava e a pessoa não estava mais perto.
Seus dentes morderam com força seus lábios travados e palavras de ressentimento saíram.
— Huh… Maldita.
Mesmo que o rei estivesse sentado bem ao lado dele, Blain não se importou.
*BANG.*
A mesa tremeu quando ele derramou sua raiva, fazendo barulho nos talheres de porcelana, sanduíches e iguarias prontas e intocadas caíram, colidindo com a outra comida na mesa. Uma taça de vinho rolou e caiu no chão se quebrando.
O som agudo e penetrante do vidro colidindo com o chão e quebrando alimentou a fúria de Blain.
Ele agarrou a ponta do pano e arrastou tudo para fora da mesa, foram todos os talheres, a porcelana, taças e a comida finamente servida. Tudo foi para o chão.
*BANG!*
*CRASH.*
*PANG!*
Blain os amaldiçoava enquanto jogava qualquer coisa que estivesse ainda sobre a mesa. Garfos e facas afiados voavam para trás, onde as empregadas de prontidão estavam, felizmente elas foram capazes de evitar o ataque.
Ninguém foi capaz de parar Blain.
Mesmo o rei não disse nada e apenas testemunhou suas ações angustiantes. Foi só quando Cerdina voltou para o almoço que Blain, que estava descarregando toda a sua raiva, cessou a destruição.
Com um vestido novo e elegante e o rosto maquiado, Cerdina voltou com o seu habitual ar de realeza. Ela não cheirava mais como se estivesse encharcada de álcool, mas sim perfumada de essência de jasmim que emanava de seu corpo.
Recuperando sua compostura elegante, ela voltou notando os assentos vazios onde Leah e Ishakan se sentaram anteriormente. Eles haviam desaparecido há muito tempo, apenas Blain e o rei permaneceram no almoço.
Vendo seu filho agindo daquela maneira, ela pressionou sua mão sobre o peito.
— Blain…
O rei que ficou feliz ao ver seu retorno, entretanto não teve sequer um segundo de atenção de Cerdina. Apenas Blain a preocupava. O príncipe respirava pesado e levantou lentamente a cabeça encontrando sua mãe.
— Eu tinha certeza de que ela era minha, mas aparentemente não era.
Ele murmurou com os olhos trêmulos, o estado de insanidade em que ele estava era claro como o dia.
— Parece que mesmo se eu me tornar rei, não posso vencê-lo. Não basta ser o Rei de Estia.
Seus olhos irradiavam a desilusão perversa que se formava em suas íris geladas. Suas pupilas dilataram, transbordando de delírio enlouquecido um sorriso maligno se formava nos lábios, distorcendo seu rosto.
— Se ao menos eu tivesse mais poder.
O tom sinistro que estava por baixo de sua voz transmitia ao máximo suas más intenções.
Com toda aquela cena os olhos de Cerdina se arregalaram, sua reação não era porque lhe doía ver seu amado filho sofrendo.
Ao invés disso…
— Sim, meu amado Blain…
Uma alegria avassaladora a encheu enquanto ela sussurrava concordando e compreendendo seus pensamentos imediatamente. Tal era o vínculo entre mãe e filho que nutriam.
— A falta de poder é realmente um grande constrangimento. Portanto, seja ganancioso, ambicioso e busque o poder.
— Mãe…
Cerdina sorriu com carinho para Blain, que submerso por emoções de auto inadequação, incapacidade e inveja. Ela alimentou seus desejos perversos, com doces palavras de apoio, uma atmosfera de falsa afeição se abateu sobre o almoço que havia sido completamente devastado momentos antes.
— Você estará sentado na posição mais alta de todo o continente, Blain.