4634-cap-48
Tradução: Lady Dragon
Revisão: Hori
Capítulo 48 – Eu esperei por você (2)
No fundo de seus pensamentos Leah não sabia que estava olhando para a tatuagem de Genin por muito tempo, sua atenção foi atraída pelo desenho detalhado feito de tinta na pele. Percebendo o fascínio da princesa, Genin arregaçou as mangas permitindo que Leah tivesse uma visão melhor de sua tatuagem.
Ela mostrou o antebraço e falou.
— Eu só tenho uma tatuagem.
Felizmente ela não considerava a curiosidade de Leah como rude. Leah hesitou por um momento considerando se seria apropriado perguntar a mulher Kurkan, acabou fazendo a pergunta cuidadosamente querendo matar sua curiosidade.
— Inicialmente pensei que todos os Kurkans tinham tatuagens, mas parece que seu rei não tem nenhuma.
Depois de soltar essas palavras, suas bochechas coraram de vergonha, afinal era o mesmo que admitir já ter visto Ishakan sem roupas, em toda a sua glória. Felizmente parecia que Genin estava indiferente e parecia não ter pensado muito sobre isso.
— Sim, o rei Ishakan não tem tatuagem nenhuma.
Os olhos de Genin brilharam em adoração. Seu tom estava cheio de orgulho pelo Rei Kurkan.
— Isso significa que ele nunca perdeu uma luta.
Leah tinha ouvido histórias sobre os Kurkans determinarem sua posição pela força, mas foi a primeira vez que ela ouviu o que as tatuagens simbolizam para eles, descobrindo finalmente o motivo.
Era uma história surpreendente, que de alguma forma parecia razoável. A derrota não combinava com Ishakan, fazendo muito mais sentido imaginá-lo sentado no trono mais alto com seu olhar vitorioso de cima. Leah pensou nos impertinentes olhos dourados de Ishakan enquanto falava.
— Seu rei me ajudou ontem.
Ela agarrou o lençol enquanto estava envergonhada e continuou a falar lentamente.
— Por favor, envie minha gratidão.
— Vou contar ao rei.
Genin sorriu pela primeira vez, Leah rapidamente mudou de assunto, sentindo seu desconforto aumentando.
— Você pode trazer minhas roupas também?
— Claro princesa. O rei teve que cuidar de alguns assuntos, então ele não está aqui no momento. Vou escoltá-la até o palácio.
Leah refletiu sobre qual seria a melhor escolha – ir ao palácio com Genin ou ter as empregadas indo ao seu encontro. Ambos os cenários eram terríveis, este último parecia ser um pouco melhor do que ir até lá escoltada porém, entre as empregadas havia algumas que tinham medo dos Kurkans.
Até a Condessa Melissa sentiu medo quando encontrou Ishakan. Depois de ponderar por alguns minutos Leah decidiu não incomodar suas empregadas e preferiu ir ao palácio com Genin.
Com a ajuda de Genin, Leah conseguiu se vestir adequadamente, embora a escolta do rei fosse um pouco desajeitada, provavelmente não acostumada a atender uma princesa como Leah, ainda sim era atenciosa. Enquanto Genin ajudava ela a colocar o vestido macio, fez esforço para puxar assunto e conversar com a princesa mesmo não sendo abençoada com tal habilidade.
Foi sua tentativa de fazer Leah se sentir mais confortável ao seu lado, ela queria causar uma boa impressão sobre as mulheres Kurkan. E a julgar pela destreza, calma e confiança da princesa ao seu lado, parecia que ela havia conseguido.
Assim que Leah tinha acabado de se vestir foi envolvida pelo braço de Genin em sua cintura para lhe ajudar a se apoiar.
Como Leah não podia andar devido aos arranhões e feridas de seus pés, Genin a carregava em seus braços – um braço sob suas pernas e o outro apoiando suas costas como um noivo carregando sua noiva.
— Por favor, com licença, princesa.
Espantada Leah olhou para cima tentando se acalmar e decidiu que era melhor se apoiar em Genin e aceitar sua ajuda, sendo levada até a carruagem. Ficou grata pelo forte apoio que Genin estava lhe dando.
Enquanto andava na carruagem, do lado de fora o ambiente mudava lentamente, a mente de Leah ficou vagando trancada em seus pensamentos. À medida em que se aproximavam do palácio, ela começou a se debruçar sobre os problemas, que havia deixado de lado “até agora”.
Uma sensação desconfortável se alastrava, a visão do palácio à distância criava um sentimento ruim de pavor dentro dela.
Quando a carruagem parou, Leah foi dominada pelo desejo de não descer. Eventualmente, ela suprimiu seu desejo de ficar, abrindo a porta e descendo. Seus pés tocaram o chão, mas ela continuou com seus passos – a dor que veio com cada pisada era a menor de suas preocupações.
Ela olhou para a rica entrada decorada, as paredes de pedra calcária brilhavam ao sol com a textura de giz macio.
Ambos os lados das entradas eram guardadas por esculturas dos antigos monarcas, eles haviam sido feitos há muito tempo por várias gerações de artistas, colocadas em pedestais. A fonte que ficava em frente a entrada onde a carruagem havia estacionado ao lado, brotava majestosamente de riachos claros do centro em belos arcos enfeitando. O sol tocava as gotas as fazendo parecer diamantes que choviam em uma poça de água. Arbustos e árvores perfeitamente cuidadas e cortadas em forma de vários animais delineavam perfeitamente o quadrado da entrada.
Apesar de tudo isso a beleza do palácio não lhe passava muito conforto.
— …
Um sentimento ameaçador e tenebroso surgiu dentro dela, algo estava estranho, quando a carruagem parou em frente às escadas íngremes ela esperava que alguém saísse e a cumprimentasse, como deveria ser.
Mas ninguém estava lá para dar as boas-vindas a sua chegada.
Leah saiu e começou a subir as escadas com pressa.
O palácio estava estranhamente quieto, a ansiedade borbulhava nela enquanto andava pelos corredores silenciosos, ninguém sequer passou por ela, nem uma alma viva.
Genin, que estava atrás da princesa, disse com uma voz cautelosa.
— Vossa Alteza, deve haver alguém na sala de recepção.
Com isso, as duas se dirigiram para a sala de recepção. Leah, que estava mancando, foi em direção a porta aberta da sala de recepção e congelou.
A plateia que a cumprimentou a fez parar no lugar, das empregadas do palácio real ao faz-tudo que fazia as tarefas da cozinha, todos estavam reunidos na sala de recepção.
Mas não foi a visão dos servos que lhe assustou, mas sim o homem reclinado na frente dos servos, bebendo chá sozinho. Talvez fosse a aura que ele emitia ou a personalidade repugnante e vil, o homem no meio era intimidante, capaz de fazer os que o cercavam tremerem.
De onde estava Leah podia ver os servos tremendo com a cabeça dobrada em direção ao peito como se tivessem cometido um pecado grave.
O homem colocou o braço no encosto do sofá e preguiçosamente abriu a boca.
— Ah, você chegou cedo.
Seus olhos azuis brilhantes se estreitaram para Leah.
— Eu esperei por você, irmã.
Parecia que sua chegada não tinha sido ignorada – Blain estava lhe esperando.