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4602-cap-16

Tradução: LadyDragon

 

Revisão: Hori

 

Capítulo 16 – Ela não se lembra de mim

Cerdina recepcionou Leah com a voz melodiosa, terna e olhar afetuoso. Leah tremeu um pouco, mas rapidamente o suprimiu, não querendo parecer nervosa. Como toda a sua atenção estava em Cerdina, ela não percebeu o que estava acontecendo ao seu redor.

A sala estava cheia de vestidos coloridos e caixas de joias, Cerdina sorriu gentilmente e explicou para uma Leah surpresa.

— Byun Gyeongbaek enviou todos esses presentes para você. Eles são extremamente valiosos e bonitos…

Ele devia saber que, se mandasse os presentes para ela, ela os devolveria. Então, ele os enviou diretamente para os aposentos da rainha.

A ideia de usar joias escolhidas por ele a deixava enojada. Ela queria se livrar deles imediatamente, mas agora que estavam nas mãos de Cerdina, não havia nada que ela pudesse fazer a não ser aceitar.

Cerdina pegou uma caixa de veludo e tirou um colar cintilante, enfeitado com joias caras. Leah humildemente se aproximou dela e se sentou, sentiu o metal frio tocar sua pele nua quando foi colocado o colar nela. No momento em que ouviu o clique da trava, ela se sentiu presa por algemas.

Cerdina elogiou repetidamente o colar.

— Realmente combina com você! No momento em que vi, pensei que era só para você. Byun Gyeongbaek com certeza tem um bom gosto.

Como sempre, Leah respondeu com um ar de indiferença:

— Obrigada, mãe.

Cerdina sorriu contente ao vê-la usar o colar. Com movimentos graciosos, ela se levantou e estendeu a mão, Leah relutantemente aceitou o gesto e as duas se dirigiram para a sala de jantar.

Enquanto elas se sentavam, Leah estava no limite. Ela prestou muita atenção em seus movimentos, tentando não cometer nenhum erro.

O tempo foi passando enquanto jantavam aperitivos leves, seguido do prato principal consistido de frutos do mar e carne, ao final a sobremesa doce. O tempo todo, elas continuaram conversando.

— Pena que Blain não pode estar conosco. Ele é tão viciado em caça…

— Ele prometeu pegar uma raposa para você, não foi, mãe?

— Sim, ele é o único que cuida de mim. Como sua mãe, estou feliz com sua extrema devoção aos pais, mas tenho medo de ficar com ciúmes quando ele se tornar o príncipe herdeiro.

Quando a refeição terminou, o olhar de Leah pousou no bolo à sua frente enquanto tomava um gole de vinho. A voz do homem permaneceu em seus ouvidos, incitando-a, coma mais, você é mais magra do que os galhos do inverno.

Ele insistiu para que ela comesse muito pão e ensopado. Um sorriso amargo floresceu em seu rosto quando ela pensou nele, se sentiu tentada pela sobremesa.

Talvez ela pudesse dar uma pequena mordida? O bolo grosso e cheio de queijo parecia continuar chamando por ela. Corajosamente estendeu a mão.

— Leah.

A voz feroz ressoou como se tivesse a intenção de chicotear.

Assustada, Leah retraiu a mão. Estava certo. Ela perdeu a cabeça, comendo um bolo na frente de Cerdina, entre todas as pessoas?

— Eu só queria provar. Só uma pequena mordida. Eu-eu estava apenas me perguntando qual era o gosto.

Desculpas esquisitas derramaram de sua boca.

Cerdina olhou para Leah e sorriu suavemente ao perguntar a ela:

— Espero que você não esteja negligenciando sua dieta, especialmente agora que seu casamento se aproxima.

— Sim, terei cuidado. Eu sinto muito.

Leah largou o garfo. O prato ainda meio cheio assombrou seus olhos, já tinha acabado com a quantidade que costuma comer, mas se sentiu especialmente com fome naquele dia.

Ela tentou resistir ao cheiro apetitoso da comida e acalmou seu estômago vazio com vinho.

*****

O homem, sentado habilidosamente nos galhos grossos de uma árvore próxima, olhou para o belo palácio real.

Imerso na escuridão, o palácio de Estia estava vagamente iluminado pelo luar. O cenário elegante era como uma obra de arte, no entanto, não havia brilho de interesse nos olhos dourados do homem, evidente pela maneira como ele se estreitou um pouco.

Ela está presa como uma boneca em um palácio pitoresco.

Ela tinha ficado tão magra desde a última vez que ele a viu, seus olhos ficaram frios.

— Ishakan!

Um jovem esguio subiu na árvore e gritou por ele. O jovem empoleirou-se no galho inferior como um gato ágil.

— Tudo está pronto. Como você solicitou, enviei uma carta, recebi uma resposta e terminei o resto.

Então ele inclinou a cabeça e perguntou.

— O que você pretende fazer a seguir?

Ishakan pensou em uma resposta para a pergunta de Suha. Seu caso de uma noite com ela não fazia parte de seu plano original.

Houve muitos motivos pelos quais ele veio para Estia, mas o mais importante era seu interesse por Leah, ele queria verificar se ela ainda se lembrava dele. Pensou que se a conhecesse e falasse com ela uma vez, ele seria capaz de esquecer as memórias do passado. Talvez, se ela quisesse, ele teria atendido seus pedidos também.

Mas quando ele soube que ela estava procurando por um caso de uma noite, o plano desmoronou como areia seca.

Não era incomum para aqueles de sangue nobre se orgulharem de realizar seus desejos sexuais por meios obscuros. Mas o fato de ele fingir ser um gigolô para se aproximar dela era além do ridículo.

Ele queria oferecer uma noite adequada para esta princesa que fingia ser casta por fora, mas se comportava de forma imprudente. Não acostumada com a experiência, ela estava obviamente com medo, afinal, era sua primeira vez. Enquanto Ishakan lembrava da noite de seu caso, ele se lembrou de seu pequeno sussurro.

[Eu quero morrer.]

Não era mentira. Ela tinha se decidido e podia ver em seus olhos negros aparentemente mortos.

Os lábios de Ishakan se torceram em uma carranca.

— Ela não se lembra de mim.

Suha revirou os olhos e abriu a boca.

— Isso aconteceu muito tempo atrás, é passado. Além disso, você mudou muito desde então.

Ele estava certo. O presente Ishakan mudou,  era irreconhecível.

— Sim, está certo. Mas primeiro…

Ishakan falou fazendo um gesto cortante no ar como se quisesse matar a noite.

Em um tom muito mais sério e sinistro, ele perguntou:

— Vamos nos encontrar com a princesa?